BRIGA, DEPRESSÃO, DOR
Quando eu discuto com
você, sinto que algo dentro de mim se quebra, como se parte de uma
estrutura forte, bem construída com o passar dos anos, caísse, ruísse como um
monte de areia que a onda leva, o vento carrega e nada pode impedir essa força
destruidora.
Quando sinto essa dor, a depressão toma conta do meu ser, de uma maneira que nada me
alegra, a música torna – se barulho, as paisagens perdem a cor e tornam – se
borrões, as artes nos quadros não passam de meros rascunhos mal desenhados e
com tinta desbotada em suas cores.
Quero me encolher nos cantos, na posição de
feto, pois assim, tenho como defender e proteger o pouco que restou de mim.
A dor lacerante
perfura meu ser, como se fosse uma espada com um fio de corte feito em aço
forjado pelos grandes mestres da cutelaria, ela toma conta de tudo, dos meus
pensamentos, da minha vontade de vencer as barreiras, do meu incentivo e credo
no dia seguinte ser melhor que o hoje, enfim tudo se torna cinza, distante e
sem futuro.
Porque você briga
comigo por razões tão pequenas e sem valor, o que ganha com isso?
Porque ao
invés de brigar, de discutir assuntos que não quero tocar ou mencionar, você
não olha nos meus olhos e vê que neles existe um amor que você precisa e que
nunca teve.
Que procurou por tantos anos e agora que tem nas mãos joga fora.
Não mate na raiz a planta que vai alimentar a sua fome de carinho, compreensão,
afeto, amor, diálogo e outras tantas que enumerá –las, seria fazer uma lista
grande e bem distinta.
É alimentar valores que não agregam absolutamente nada a
nossa relação, então mesmo sendo eu o agredido, te peço desculpas, afinal, você
está abalada não sei o porquê e para que alimenta essa agressividade sem nexo,
sem fundamento.
Afinal quem te agrediu e lhe sufocou por anos não fui eu, não
tenho o porque fazer você chorar, te repreender, reprimir, castrar seu sonhos e
vontades, ao contrário disso tudo, quero ver você sorrir e realizar suas
fantasias, sentir o gosto da liberdade que tanto amo, correr na chuva e depois
rir de estar com os cabelos molhados e com cara de menina brejeira com o rosto
respingado pelo barro, da poça de lama que ficou pulando para ver o barulho da
água escorrendo para todos os lados; o arrepio do frio, do medo do resfriado,
mas sem medo e sem pudor ou vergonha tomar aquele banho quente e demorado
comigo, enrolar – se na toalha e aquecer seu corpo nu junto do meu no leito
gostoso de nossa cama, com muitos beijos e carícias inocentes que irão se
tornando cada vez mais lascivas a ponto de terminar com o seu grito rouco de
prazer e o brilho no seu olhar de felicidade, por esses momentos tão simples,
mas valorosos.
Não brigue, não cause
dor, não dê vazão a depressão dessa forma, vamos espantá – la e todos os
fantasmas que te assombram juntos, vamos nos tornar caça fantasma. Expelir,
expulsar e afugentar inseguranças, medos, dúvidas sejam lá quais forem de forma
sadia e assim poderemos ser felizes juntos, porque quero estar ao seu lado
sempre e caminhar junto com você, não quero nem atrás e nem na frente, mas ao seu lado, sempre.
Sofro, grito por sua
compreensão, mas principalmente apelo ao seu bom senso pelo nosso futuro feliz
e sadio, afinal tanto quanto você quero sorrir,
brincar de ser criança, desenhar nas nuvens, viajar nos sonhos, mas
sempre ter a certeza de que onde quer que eu esteja ou vá, poderei sempre
retornar para seus braços e seu colo.
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